outubro 21, 2007

setembro 22, 2007

Gatas Vadias

As gatas são, por natureza e definição
animais que se prendem às casas.
Por mais que tenha querido ficar, esta
não me soube prender.
E afinal, mudar é crescer.....

Portanto, a partir de agora esta
será, e com certeza por muito
tempo a nova casa da Lazy Cat

setembro 20, 2007

Sofá....

Não sei se me apetece...
Já cheira a Outono por aqui, o vento sopra baixinho,
apetecia apenas encostar-me e ficar assim. Gosto
deste sofá, já está habituado a mim. Tem o meu
cheiro e o meu jeito. É perfeito para estar longe do
mundo, basta fechar os olhos e tudo se apaga num
segundo. É o meu sofá. É o meu canto. A minha concha.
Os braços que me embalam e me aquecem, as costas
que me apoiam e nunca desaparecem. É meu. Tem a
minha forma. Somos o complemento um do outro.
Acolhendo-me torna-se útil, acolhendo-me dá-me conforto.
Fazemos parte um do outro.


Há gente assim,
que se agarra a coisas, que mais ninguém entende,
como um velho sofá, onde se enrosca e se estende
.





Há gente assim, que valoriza menos o que vê e mais o que sente.
Há gente assim, que perante um mundo louco, que cerca e aperta
procura um velho sofá onde se enrosca, e fica mais segura de
repente. E há gente assim. Como o meu sofá. Quer passem dias,
passem horas, passem anos, batemos à porta e estão lá. Há gente
assim, que no meio do mundo, que rodopia louco e surdo, abre os
braços como o meu sofá. Não faz perguntas, não quer respostas,
abre os braços e cabemos lá. Como marcos, num caminho,
mas feitos de compreensão e carinho.
Há gente assim. Mas não são muitos. Não são os reis das
festas, não são os reis de tudo. Não se notam no meio do mundo.
São as mãos silenciosas que nos puxam nas subidas. Que nos
evitam as quedas. Os olhos que encontramos quando perscrutamos
estrelas. Os sons do vento que nos toca devagar, que seca lágrimas
e nos dirige o olhar. São os sorrisos em silêncio. As chávenas
de chá de madrugada, as camisolas de lã e as torradas. São os
quilómetros que nos separam em segundos, a certeza do passado,
reafirmada agora, projectada no futuro. Há gente que estará sempre
dentro de nós, por mais que tudo o resto mude, e é assim porque
estar assim é ser completo, e não metade do mesmo objecto.
E depois há gente assim, que vamos encontrando na estrada,
entre a chuva e a trovoada. Gente de sorriso em punho. E de gritos
sentidos e profundos. Que também queremos gritar. Que parece
conhecer-nos. Viver no mesmo lugar. Naquele onde se encontram
vidas e preenchem espaços. Onde se desenham palavras e
fabricam abraços. E se tenta enganar a dor. Gente igual a nós,
o mesmo molde, noutra cor. A caminhar nas arestas do cubo.
Em perpétua busca de equilíbrio, fazendo dos braços dum sofá
imaginário, o mundo fora do mundo, em que o verbo ser não
é adjectivado. Há sim, há gente assim. Que não tem medo de nada
e morre de pavor de tudo, que busca e busca e não encontra nada,
porque não quer senão tudo.
E esse tudo nada é senão um velho e gasto sofá de veludo.

setembro 19, 2007

Apenas um abraço

Apenas um abraço.
Não quero beijos
Não quero palavras
Nem olhares
Apenas um abraço.
Não quero promessas
Não quero perguntas
Nem contares
Apenas um abraço
Que me traga desses lugares
Apenas um abraço
Sem lágrimas
Sem histórias sentidas
Sem cobrar promessas
Novas ou esquecidas
Quero apenas um abraço
Encostar-me, devagar
E assim adormecer

setembro 18, 2007

NUS

Chegou o fim
dos doces enganos
O vento sopra, ainda lento
E já nos desvendamos
Leva-nos a roupa,
ficamos nós
As nossas cores,
As marcas, as raízes, os nós.
Sem mais subterfúgios
Apenas nós.
Já nos conhecemos
De corpo embalado
e caras mascaradas
Será que nos reconhecemos
Agora que o vento levou
As fitas,os laços, as deixas,
As personagens decoradas
Agora que estamos nus
frente-a-frente
apenas eu e apenas tu.
Será que entre os nossos
Segredos, entre os novelos
Os recantos e os enredos,
Entre as palavras ditas
E demasiado cuidadas
Será que soubemos
Contar parte de nós
Apenas um pouco?
Apenas o suficiente
Para nos reconhecermos
Agora que estamos nus,
Sozinhos, despidos
Agora que somos,
Sem subterfúgios,
Apenas tu, apenas eu
Apenas ... nós?

Iron Maiden * No More Lies

miaauu!!

Hoje sou gata vadia,
A passear de telha em telha,
À luz da (meia) lua cheia
Vou espreitar do vosso lado
Roçar as vossas pernas,
Deixar mios em todo o lado
E quem sabe, se me apetecer
Um ou outro beijo miado…


The Pink Panther

setembro 17, 2007

Saudade

Saudade distância
Saudade ternura
Saudade silêncio
Saudade loucura

Saudade afinal
Que sempre perdura
Eterno punhal
Em ferida sem cura

Saudade que corta
De mão lenta e segura
Afinal que me importa
Se ter-te é saudade
E perder-te é tortura?

Chega de Saudade

setembro 15, 2007

Fim-de-semana

Vais chegar sedento e vou deixar que te afogues no meu corpo.

Vou ser água e vinho para ti.
Vais inebriar-te, encher-te de mim,
encher-me de ti, abraçar, afagar,
explorar, (re)descobrir.
O meu corpo anseia pelo teu.
O teu grita por mim.
Já sinto o teu cheiro, já sei o teu desejo,
e ainda estás para chegar.
Já estremeço no teu beijo.
Já te quero e ainda não te posso tocar.

Sinto o brilho dos teus olhos,
sei o frio do teu toque, sei do calor que
sabes despertar.
Que se aproxima a cada minuto, embora o tempo
enrole e pareça parar.
E agora, aqui, sentada, enquanto espero o
tempo passar, fecho os olhos e desenho a noite,
escrevo as estrelas, os gestos lentos,
os gestos antigos que vamos relembrar.

Decido o teu cheiro, que óleos usar,
escolhes a canela, eu o gelo polar,
que provoca arrepio,
e o meu seio macio desperta sem tardar.
Escolho a música,fecho as portas,
abro janela, corro cortinas,
arranjo recantos, revejo planos,
e de vez em quando ouço-me suspirar.

Escolho com cuidado o que vou despir...
o toque do branco que nos irá cobrir,
já cansados, sono perdido, ainda não saciados.
Preparo-me assim,sentada neste recanto,
entre velas de perfumes inebriantes,
janelas abertas e chamas crepitantes.
Gosto deste contraste,
do vento que sopra, lá fora, da fúria com que circula,
enquanto cá dentro, se prepara devagar,
uma noite... também de ternura. Chega de espera!
O meu corpo já grita,
de voz rouca e aflita que já passa da hora,
que é tortura a demora,
que te queria assim, aqui, agora....

Música : façam as vossas escolhas, deixem sugestões...


Nights in white satin
Je t'aime...moi non plus!

setembro 13, 2007

Pauta

Sombra e Luz
Verso e Reverso,
Palavra que seduz
Grito em verso.

Olhares convergentes,
Mesmas vidas.
Pessoas diferentes,
Mesmas feridas.

Segredos e desejos
Ocultos ou revelados
Apenas ensejos
E já concretizados

Noutra pauta,
Sinfonia dispersa
Na minha,
Sintonia perfeita



:-) Amazing Mozart

Mozart - Concerto para Violino #3-3

Blue eyes blue

Ventos e aromas de chá
Entre almofadas às cores
E flores de lilás
Sorrisos e gestos contidos
Conversas amenas
De velhos amigos.

No azul dos teus olhos
Esquecemos o mundo
Passaram as horas
parecendo de segundos
como diz a canção
alheios a tudo...

Foi um quase sonho
Estranho e risonho

Behind Blue Eyes * Limp Bizkit
Behind Blue Eyes * The Who
Blue Eyes * Elton John
Dunas * GNR

setembro 11, 2007

Loucura

Ainda que caiam chuvas e lavem o caminho com torrentes de água escura, ainda que o sol queime tudo, deixando apenas um quadro negro de amargura, ainda que passem pragas e calamidades e que a natureza tudo destrua, saberei guiar-me, de dia pelas nuvens, de noite pela lua, para chegar a ti. Saberei sempre encontrar-te, ainda que tudo te esconda, ainda que grite o teu nome e ninguém me responda, ainda que todos me gritem que não és para mim, que fugiste, partiste, que nunca quiseste o que senti, ainda que tudo se desfaça, sinta a ausência como uma faca. Porque sei, com esta certeza que não se explica, que tudo o que sinto tem em ti uma réplica, que não te quero em vão, que este amor tem uma razão, que embala a dor devagarinho, a transforma em azevinho, coroado de espinhos mas belo, onde vale mais picar-se que perdê-lo.
E assim te mantenho, fechado no coração, como tenho os espinhos enterrados na mão, mas nem assim os largo, nem assim te deixo, porque se abrir a mão sou eu que me perco. Sou eu quem se dilui, anil em água azul, se tiver que deixar ir este amor com sabor a sul, por não saber ouvir tudo o que dizes antes de partir, tudo o que dizes quando estás longe, tudo o que sinto quando te abraço, se tiver que puxar a ponta e desfazer o laço. Se entre os sons do mundo, deixar de ouvir o teu grito mudo, que me envolve como chama, me aquece e me reclama, se deixar de banhar-me no teu olhar e adormecer a cantar, porque ouço a tua música, e só eu conheço a letra de tudo o que compões, porque cada uma das tuas notas é tocada para dois, se tiver que fechar os olhos e o coração, se tiver que dar ao resto do mundo razão, perdendo-me da minha, se um dia tiver que me calar, ou cantar apenas em surdina, perder-me-ei, sem dúvida, pelas encostas ou pelas ravinas, não porque ouça o resto do mundo a gritar... Perder-me-ei, sempre, invariávelmente, apenas, quando deixares de tocar. Quando a voz do teu amor se extinguir, quando o seu fio já não me guiar. E ainda que a natureza me perca, ainda que a tua voz se cale, ainda que pise um caminho de amargura, saberei encontrar-te, meu amor, porque és o meu destino, o meu caminho tudo o que foi e há-de ser, o que vivi e tenho por viver, és a minha maior aventura, a maior certeza, a melhor loucura. Para sempre. Sem cura.

Le llamaban loca * Mocedades
Outra vez * Maria Bêthania
Outra vez * Roberto Carlos

setembro 10, 2007

Em silêncio

Em silêncio,
A meias palavras
Quase ditas,
Apenas caladas

Em silêncio,
Gritos abafados
Gemidos surdos
Sons esvaídos

Em silêncio
Sem gestos
Sem voz
Sem lágrimas

Em silêncio
Alma desgarrada
Meia perdida
Mal amada

Em silêncio
Juras esquecidas
Noites vencidas
Esperas adiadas

Em silêncio
O teu eco
Em silêncio
O meu peito


David Bisbal * Silencio

setembro 09, 2007

Frágil

Frágil
rebento de sonho
entre luz e abandono
Frágil
de seda macia
em cama vazia
Frágil
união de retalhos
de beijos molhados
Frágil
fugaz fantasia
palavra, poesia
Frágil
silêncio que some
tua voz, meu nome

Piano after dark

setembro 07, 2007

Tristemente profundo,
Este sentimento de escuro
De queda, de saída
De portas que entalam a vida

Tristemente calado
Este grito sentido a sós,
Este gesto inacabado
Que semeia a vida de nós

Tristemente dormido
Este sonho desfeito
Este bater surdo e rouco
Este roer no meu peito

Ah! Tristemente chorado
Com lágrimas vazias de tudo
Este medo que me agarra,
Gelado e feio, patas de veludo

Tristemente iluminado
O caminho que piso
Entre os olhos velados
E os sinais de aviso

Tristemente sozinho
O grito que agoniza
Numa boca fechada
Pela mão da certeza.

Wind walker

setembro 06, 2007

Esta carta é para ti.

Tem dentro todas as palavras e todos os silêncios que gritam o que sinto por ti. Tem todos os momentos que partilhámos, todos os sonhos que sonhámos, tem todos os teus sorrisos e esperanças, tem todos os nosso projectos, todas as nossas saídas, os nossos segredos, as nossas danças. Tem a tua mão na minha ao luar, à lareira, na floresta, a passear. Tem o sol na pele, o sal nos lábios. Tem cores e sabores de férias partilhadas. Tem flores e jardins e relvas frescas e macias. Tem sorrisos e risos de crianças, novos olhares e mais algumas esperanças. Tem lençóis enrugados, serões prolongados, tem manhãs preguiçosas, tem noites sem fim. Tem as tuas telas e os meus pincéis, uma aguarela feita a dois. As nossas letras, palavras murmuradas, as mentiras pequeninas. Tem fios de desejo que atravessam o papel, tem um ou outro beijo, tem fotos de família, tem baloiços no jardim, tem um arco-íris que ri pintado numa parede, tem bochechas carmim, bonecos de neve, tem uma vida imaginada, pintada e colorida por mim.
Tem um sonho em suspenso, à espera de ti!




Strani Amori * Renato Russo
Strani Amori * Laura Pausini

Meu...

"Que me abrace quando me apetece chorar
Me dê beijos, em silêncio e me deixe desabafar.
Que saiba perceber sem palavras, que adivinhe..."

Abraços,
por encomenda silênciosa,
beijinhos e carinhos
com razão mas sem hora
uma mão na minha,
e vidros coloridos
quando o meu tempo chora
gargalhadas repentinas,
bricandeiras,
como serpentinas,
que o vento agarra e desenrola.
E confetis de alegria,
espalhados pelo chão
tudo isto sem pedir.
Apenas porque sim.
Porque agora, porque não?
Porque sabes como sou
E porque gostas de mim.
E porque também lá estou
Quando o teu céu troveja
E é minha,
no escuro profundo,
A boca que te beija.
São minhas as palavras
Aquelas que odeias,
que te fazem explodir,
que te rasgam
e minhas as mãos que
te abraçam e te embalam
e aquecem e fazem dormir.
É meu o pé que encontras,
Quando te desvias do caminho
E mesmo que te percas
Nunca o fazes sozinho
São meus os silêncios,
Onde te vens refrescar
É meu o sal
Que te faz crepitar
Porque nos amamos
Nesta doce forma de estar
De ser sem pertencer
De dar sem mentir
e receber sem cobrar
Estranha para o mundo
Tão boa de estar…


... Cavaleiro andante

setembro 03, 2007

Ritmo de Luz



Em todas as palavras que digo,

em todas as que escrevo

há ritmo de luz e abandono,

quando penso em ti

e em silêncio te tomo.

Quando os meus olhos te abraçam

e te fazem estremecer,

quando

ainda antes do meu toque

já te sinto tremer,

quando os dedos se fazem gotas

que deslizam a meu querer,

te refrescam,

te aquecem,

te deixam no querer...

Quando os gestos são o tom

da música que ouço e dançam

por ti todo,

entre pernas e pescoço,

num bailado lento e longo

como gotas de água e fogo.

Quando o teu corpo é papel,

onde escrevo mil segredos,

quando é tela que pinto,

água que bebo.

Quando não quero que me toques

nem quero que me vejas,

quando te dou tudo

e guardo o que mais desejas...

Quando de lábios te exploro

e te mordo devagar,

digo que te adoro,

que te quero,

que não posso esperar,

quando a música nos toma,

se faz nossa dona

e nos obriga a dançar,

quando somos só um, e a terra a girar,

quando escrevo o que sinto e te deixas amar...





Breathless

setembro 02, 2007

POESIA "IN BLOG" 2007



Inesperadamente, fui indicada pela Ni*, que escolheu o meu poema Seduz-me assim, para o "PRÊMIO CANETA DE OURO – POESIAS 'IN BLOG' 2007" , idealizado por ANDRÉ L. SOARES e RITA COSTA.

Para conhecer as regras deste evento clique AQUI
Participe!

Cabe-me indicar 5 poemas em 5 blogs.

ACNSOAÇ - Ki - 31/08/2007

Gata - Perdição - 21/07/2007

sem título - Apache - 09/03/2007

Danço com o teu amor - Calimera - 05/08/2007

Vou reinventar palavras - Alexandre - 20/08/2007

feita a minha escolha, e seguindo o protocolo, vou agora visitar-vos para vos dar a notícia.

mas, porque me apetece, também vos deixo um Leve beijo triste


setembro 01, 2007

Mesas baixas, cortinas a esvoaçar nas janelas e aquela
música, vinda lá de dentro, de um qualquer lugar que
adivinho mas não vejo. Aqueles óleos, espalhados, para
se usarem ao acaso. Toalhas dobradas, aqui e ali, vendas
e outras surpresas, escolhidas por ti.

Só quero mais uma coisa, que o aniversário é teu,
e assim sendo os privilégios e os desejos não podem
ser (todos) meus. Quero-te solto. Liberto dessa capa
que usas, desse fato, escuro, dessa compostura.
Quero-te a ti. Quero o homem.
Esta noite é nossa, não quero limites nem convenções.

In a sentimental mood ** Elligton&Coltrane

Sugestão da KI Take my breath away

agosto 29, 2007

Sabia que não era aquele o caminho. Não estava onde queria nem a caminhar para lá. Não era a sombra daquelas árvores que queria nem o canto daqueles pássaros. Não era aquele sol nem aquelas praias, que tantos invejavam.
Não queria estar ali!
Portanto, enquanto aos olhos dos outros seguia diáriamenta a rotina imposta, sem pisar fora do trilho, ia construindo caminhos. Possibilidades, hipóteses, sonhos, ideiais, tudo servia para marcar no mapa o caminho desejado. E os dias iam, lentamente, passando. Passaram algumas estações, as árvores cresceram e foram-se fortificando. E ela ali. Onde não queria estar, na rotina pré-estabelecida, a ver a vida passar.
E, num daqueles rasgos de lucidez, que aparecem como um raio de sol extraviado entre as nuvens da tormenta, lembrou-se que a resposta era até 23. E então, com os gestos calmos e seguros de quem sabe que está a dar um passo enorme em direcção ao vazio, abriu o mail e respondeu sim. Simplesmente, agradecendo com as formalidades do costume, deu um passo rumo ao futuro.

Fechou a porta, entrou no carro, verificou que lá cabia tudo o que realmente era importante e, sem perder mais tempo, rodou a chave e foi-se embora.



Contentores

agosto 27, 2007

Silêncio





Porque é no silêncio que
melhor te ouço
quando sorris e
beijas o meu pescoço
quando vejo os teus olhos
brilhar
quando sei tão bem o que
queres sem precisarmos
falar
quando o silêncio cheira
a desejo
e se veste de cúmplicidade
quando abandono o sonho
e te faço ... realidade

agosto 26, 2007

Ghost

Oh...I won't go out tonight
I'm going to stay
It's cold and windy outside
I'm better home anyway

An old song reminds me of you
your touch, your smell
the crazy things
we used to do

I'll stay...
I'll close my eyes
I'll feel you
again

You will whisper in my ears
those words you used to play
your voice in my dreams
till the sun makes you away...


The Promise

agosto 23, 2007

é nesse momento incerto

entre o sonho do sono

e o sonho desperto

que te encontro

e te perco

Nuit

agosto 22, 2007

Não, não me esqueci

Sei como é
adormecer ao teu lado

Sei como é
passarmos a noite acordados

Sei como é
ter-te ao meu lado

Mas...ter-te ao meu lado
como eu realmente queria
não é ter ao meu lado
uma conha vazia
um balão
que apenas o meu ar preenche

não é seres o contorno
e eu as cores

não é esperares por mim
por mais que demore

não é quereres
o que me apetece

não é seres sombra
que à minha voz obedece

quero aquela peça
que encaixa perfeitamente
em mim
preenchida, colorida
infinitamente brilhante
perfeita na textura
no relevo, no tamanho
na curiosidade e no sonho
meu desejo, meu orgulho
meu encosto, meu refúgio
e meu sono...


agosto 20, 2007

Eu, os desafios e a falta de tempo!

Bem....aceitei mais um desafio. Mas a verdade é que não tenho muito tempo neste momento, portanto, vou deixar aqui os sete factos casuais da minha vida, e desafio todos os que passarem por cá e e quiserem deixar um rasto de personalidade...mas não vou desafiar 7 bloggers. Sorry...

Aqui ficam os meus 7 factos :

1.- Sou chata, refilona e resmungona (principalmente de manhã)
2.- Detesto ser acordada
3.- Só gosto de chocolate sem misturas
4.- Não gosto de cerveja
5.- Nunca sei onde tenho as chaves
6.- Não gosto nada de ter que lavar o carro!
7.- A minha maneira de atender o telefone "virou moda" lá no escritório...

Acho que o verdadeiro desafio é conviver com alguém assim!(e aqui só estão 7)

Porque será que nestas coisas toda a gente tende a dizer aquilo de que gosta??

Desculpa

Desculpa, se a páginas tantas
me perco e te esqueço
se me embrenho em palavras
e letras e cores e outros sons
e danço outras músicas
e me esqueço dos teus tons
Desculpa se te apanho num turbilhão
te enrolo e destroço
aparentemente sem razão
se te arranco o chão
debaixo dos pés
e desarmo e desconcerto
o homem que és
Desculpa, se recuso o teu beijo
mas, se me tocas expludo de desejo
se não procuro o teu abraço
se te fecho a porta do meu espaço
se não sei fingir sorrisos
se me calo, se te ignoro
se sou o pior dos portos de abrigo
se não tenho palavras e me escondo
Desculpa se te transtorno,
me transformo,
e vives em perpétuo abandono
Desculpa, se não vou onde estás
se és café e eu aroma de mil chás
se procuras um ombro e eu um amante
se te vejo pequenino e te sentes um gigante
Desculpa se os meus horários
são tudo excepto ordinários
se do que esperas de mim,
apenas tens os contrários
Desculpa todos os beijos, carinhos,
os silêncios, os desatinos
todas as sombras, as horas longas

Desculpa, em resumo, todos os dias
Em que não fui quem tu querias.
Fui como sou.
E é tudo isso que te dou...

agosto 16, 2007

Vem

Agora que o vento amainou
e o céu já não chora
que a tempestade passou
e a fúria foi embora

ficaram alguns destroços,
com cheiro a terra molhada
e retratos feitos no vidro
duma vida embaciada

brotaram flores na terra
duma vida adiada
e novas cores no céu,
a pintar a madrugada

Vem que a aurora
ainda a despontar
traz consigo a promessa
de tempo para amar...


You Tube - Le Grand Bleu

agosto 15, 2007

Poemas

São sentimentos
Saudades
São beijos
Uns dados, outros guardados
Não são gritos
Não são recados

São lágrimas
Amargas
Umas choradas
Outras suspensas
São pedacinhos de mim
Que arranco e reparto

Um sonho
Um desejo
Um querer, algum pecado
Um sorriso
Um abraço
Um arrepio

São palavras
Não são mapas
Nem têm razões

O meu coração
Não tem livro de instruções

OH ! AI MEU DEUS! E AGORA!?! Um ÓSCAR? não...DOIS!!


Obrigada aos dois.
E....desculpem lá mas estes eu fico com eles só para mim!!

agosto 14, 2007

OBRIGADA!

Esta noite tem sido absolutamente fantástica!

Arranjei tempo para responder a desafios e recebi 2 prémios!!
Um deles a GATA, que orgulhosamente coloco aqui (para sempre).

Muito Obrigada mestre!!!

Correcção importante : Um prémio e um GRANDE miminho....EU!!!!desenhada por um Mestre !

The Power of Schmooze Award

Um prémio oferecido por um mestre !



O prémio foi criado pelo Mike do Ordinary Folk ( http://thingsbymike.com/ ).
Este prémio é uma tentativa de reunir os blogs que são adeptos dos relacionamentos "inter-blogs" fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo. Antes das regras, vale aqui uma definição de SCHMOOZE, vocês não vão encontrar facilmente o termo num dicionário convencional.
Regras:
1. Se, e somente SE, receber o "Thinking Blogger Award" ou "The Power of Schmooze Award", escreva um post indicando 5 (cinco) blogs que têm esse perfil "schmoozed" ou que o tenham "acolhido" nesta filosofia. (se não entendeu, leia a explicação no parágrafo anterior de novo).
2. Acrescente um link para o post que o indicou e um para o post do Mike, para que as pessoas possam identificar a origem deste meme.
3. Opcional: Exiba orgulhosamente o "Thinking Blogger Award" ou o "The Power of Schmooze Award" com um link para este post que escreveu.

E pronto, lá vou eu de novo nomear 5 blogs!

Que são :

http://cali-mera.blogspot.com/
http://cleopatramoon.blogspot.com/
http://luarnocturno.blogspot.com/
http://mimo-te.blogspot.com/
http://estaminhacasa.blogspot.com/

Não me custa nomear, não é isso! Custa-me é não poder nomear todos os que leio, os que me visitam, os que escrevem tão tão bem!!!

Mestre, obrigada!



Só um mestre para desafiar uma gata e não sair arranhado!

Nomear as 7 maravilhas da minha vida não é fácil! Porque neste mundo onde tudo roda e gira e muda mais depressa do que eu, também elas vão mudando.

Portanto, neste momento as minhas maravilhas são:

1.- Os 2 homens da minha vida
2.- As minhas pessoas
3.- O sol
4.- O mar
5.- A Serenidade com que encaro a vida neste momento
6.- O silêncio
7.- Este meu canto (que me prega partidas destas, mas onde descubro novas maravilhas todos os dias)

Passo o desafio a :




E pronto!

agosto 13, 2007

agosto 12, 2007

Danças para mim

Ouvem-se entre as fogueiras notas de uma guitarra perdida algures.
Cheira a madeira e o calor invade tudo, entre faúlhas crepitantes e fumo...


E agora, que está na hora, cheira a alecrim, a canela e a orgulho.
Homens de calças negras e camisas presas por um nó, pés nas cadeiras, dedilham guitarras, preparam a voz, num ritmo só.
Vestidos compridos, coloridos, cabelos negros revoltos, ouro, jóias e brilho... É noite de tradição e de magia, de cumplicidade, no ar que se respira...É a última do verão, noite de sonho e de paixão.
E de repente calam-se as guitarras e cala-se a voz. E entras tu. Saúdas as damas, entre o fumo e as chamas, levantas os braços, dás o primeiro passo, retoma-se o ritmo e perco-me...no teu cabelo, nessas mãos levantadas ao céu, nesse torso, nú, que quero meu. E danças entre o fogo e as fumaças, passas por mim, nem sei se me vês, és ritmo, és luar, és luz, dobras e vibras e a terra vibra debaixo dos teus pés. E não tiro os olhos de ti, do teu corpo perfeito, cansado, brilhante, do porte orgulhoso, do cabelo solto, das pernas e desse vulto que o negro das calças não esconde, das voltas, sapateado, do cabelo longo, alado, dos pés que batem a terra, dos braços, das mãos, dos lábios entreabertos, dessa paixão que te consome, me envolve e nos devora.... e vês-me agora, e sorris, ao ver-me despida, além do xaile e da saia comprida, de pé, à tua frente, desperta e ofegante...e tomas-me, nesta dança de despedida, entre chamas azuis e saia garrida, entre notas perdidas e chamas de vida, entre paixão e desejo, já saudade e ainda beijo, entre o céu e as estrelas e o luar como testemunha, entre gritos e ternura, entre o amor e a loucura, como nunca antes...meu orgulhoso e eterno amante.

Amores às Cores

Vermelho intenso, ardente
fogo de paixão
Branco, calmo e tranquilo
não inquieta o coração
Amarelo, azedinho
desconfiado sem razão
Verde tenrinho,
quebra por um sim
por um não...
Laranja refrescante
como um mergulho no verão
Castanho, amuado e refilão
Azul, fresquinho
com cheiro de mar e carinho
Negro, sulcado de desejo
insinuante como um beijo
Cinzento, baço e frio
Transparente, vazio, inexistente
Cor-de-rosa...inocente

Amores em degradé, riscados,
novos, esfumados, desgastados,
desbotados, rarefeitos

Únicos, necessários
vividos, sonhados, desejados
repentinos ou desfeitos
perfeitamente, necessáriamente imperfeitos...

agosto 11, 2007

Gata

Sou estátua de areia
deitada numa praia
esculpida finamente
por uma mão delicada

Sou uma gata
enroscada ao sol
que espia, preguiçosa,
as ondas do entardecer

Sou de areia, não sou nada
mas páram para me ver

Adormeço, deliciada
e nem sinto a onda irada
que me faz desaparecer...

agosto 09, 2007

Uma leve brisa
Um cheiro a mar
A saudade não avisa
Limita-se a entrar

Uma noite sem lua
Outras com luar
As estrelas que brilham
Reflectidas no olhar

Uma tarde de domingo
Sem relógios para olhar
Uma dança inventada
Sem passos para acertar

Um romance, uma revista
Uma lareira já acesa
Uma carta no correio
A alegria da surpresa

A chuva em pingas grossas
Um jardim de lama e poças
O cabelo ensopado
As mãos e os pés gelados

Um arco iris na parede
Dois raios de sol na janela
Algumas palavras incertas
Mas a certeza que a vida é bela...

Sabor a desejo

Gosto das tuas costas arranhadas
Dos teus lábios mordidos
Dos meus seios doridos

Gosto de ficar exausta
De morrer e ressuscitar
De te voltar a procurar

Gosto dessa língua que passa
De te sentir em brasa
Gosto de te agarrar

Gosto que me invadas
De como me agarras
Que me faças suplicar

Que prendas o meu cabelo
O enroles sem desvelo
E não te deixes tocar

Gosto que me soltes
Te entregues
Te revoltes e me ataques
Para depois me abraçar

Gosto desse beijo
Com sabor a desejo
Que nos faz recomeçar

agosto 08, 2007

Beijo

O teu beijo é
fruta
madura
é sede é água
é fome frescura
paixão. é ternura
é vício, loucura
é o sol é a lua
é chuva, secura
é vento, turbilhão
relâmpago. é trovão
é sal, é explosão
pecado tentação...
descoberta, candura
inocência imensidão
é calor, é paixão
é canela amargura
lágrima limão
saudade...
desenho pintura
é ritmo é dança
é voar é vulcão
é gelo e fogo
é verso, travesso
o teu beijo...
É MEU !

agosto 07, 2007

Saberias

Se soubesses ler
nas entrelinhas
ver
como quem adivinha

Se soubesses ouvir
as palavras não ditas

Se soubesses descobrir
sem pistas
a razão que é só minha

Se soubesses sentir
no toque da minha pele
a paixão que fervilha

Se soubesses andar
pelos meus caminhos
mesmo sem ver
mesmo sem trilhos

se soubesses sonhar
de olhos abertos,
em pleno dia

Se soubesses tudo isto
e muito muito mais
saberias porque me perco
em lugares onde tu...
não vais!

agosto 06, 2007

A vida é um parque de atracções

Tem escorregas
aos quais custa a chegar...
Num instante estamos cá em baixo
e nem nos lembramos de escorregar!

Tem montanhas russas
que são como as horas e os dias
pequenos impulsos,
grandes escaladas
poços sem fundo, marés vazias...

Tem contos do vigário
que ouvimos dum ouvido só
mas deixam na boca
um estranho sabor a pó

Tem momentos de pura alegria
inexplicáveis!
como os espectáculos de magia...

Tem a tenda das ilusões
onde vivemos tantas mentiras!
mesmo assim, para lá ficarmos
arranjamos milhentas razões...

Tem pipocas estaladiças
como os beijos que trocamos
e algodão doce
que parece tanto tanto tanto
e se transforma em nada,
por encanto!

Tem palhaços, equilibristas,
domadores, trapezistas. Carrocéis,
Piratas, bailarinas. Gigantes!
e gente tão pequenina...

Máscaras encantadas,
cheias de cores e brilho
que usamos com muito carinho.

Irresistivelmente atraídos,
vemos, ouvimos, vamos ficando,
com um bocadinho de sorte,
participando...

fazendo fila para as emoções compradas,
e enchendo as mãos de quase nadas...

nesta feira de fantasia
todos entramos um dia
mas cai o pano, chega a hora
e ainda que ninguém queira
todos vamos embora...

agosto 05, 2007

... Os olhos procuram-se cúmplices e inquisitivos
as mãos encontram-se, numa resposta muda.
Olham uma última vez para este lago onde
têm vivido e sonhado e,
em conjunto rumam ao desconhecido,
deixando atràs deles um rasto de brilho gelado.




A Humanidade, como sempre foi entendida, já não existe.
Resta um planeta semi-vazio, alguns lugares habitáveis e habitados,
por quem no conhecimento e no sonho evoluiu e ficou.

Tudo aquilo de que se lembram, que conhecem e dão por certo,
fruto de guerras e pseudo descobertas, acabou.

Na persecussão de um bem maior e comum, os Terrestres abriram a
porta a um desconhecido que os mudou profundamente e quase os destruiu.

A maior parte sofre sofre uma mudança constante do corpo, tentando
manter faculdades, tentando manter pensamentos coerentes.
Vivem no País do Norte, eternos mutantes, afastados dos outros
por um escudo de luz.
Outros vagueiam, seres impalpáveis, que não pesam nem respiram.
Entregues às correntes dos ventos, exércitos etéreos
que ninguém conduz.

Resta um semblante de mundo....
São poucas dezenas. Cientistas. Criadores. Sonhadores.
Reunidos na Terra de Fogo, protegidos dos incêndios relâmpago
pelas águas gélidas e profundas do lago.

Dentro desta cúpula, existe o mundo de que se lembram.
Relva, macia debaixo dos pés.
Algumas flores, uma horta.
As cores não são as mesmas, mas os olhos que as vêm também não.
Os pés que pisam a relva fazem-no por querer e, o que outrora era
alimento, agora é apenas fonte de prazer.

Este é o povo de luz. As mentes inquietas, repletas.
Aqui está toda a capacidade de pensar, imaginar, descobrir e realizar.
Todas as possibilidades. A única opção.
Os únicos, neste novo mundo atormentado que se mantêm.
Estáveis. Por enquanto. Num universo mantido assim, agora sim,
para o bem de todos, pelo esforço de apenas alguns.

Aqui, vive-se de solidariedade entre todos os seres,
de cumplicidade entre alguns.

Já são tão poucos....e vão ficar menos ainda.
Porque um dia alguém sonhou voltar ao nascimento do mundo.
Ao dia em que se semeou na Terra, o que a transformou e lhe deu vida.
Mas também o que a estabilizou. A esperança....para quem ficou.

A Terra de Fogo é apenas mantida.
A energia de todos já quase não chega e assim...

partem dois, Cientista e Sonhadora, num derradeiro esforço, para muitos
companheiros, procurando na ainda ausência aquilo que será para todos,
a essência de uma nova vida...

Plantada neste alpendre
sinto água passar
não a vejo.
mas fecho os olhos
e ouço-a cantar

Ouço o vento no cimo
das árvores,
que me ritma suavemente
o balançar

tenho raízes, já não pés
folhas no cabelo,
frutos no olhar

seguro nos dedos
um ninho de pássaros
que já sabem voar

fundi-me com a paisagem
à espera de alguém
que teima em não chegar

agosto 03, 2007

Pessoas

As minhas pessoas
são as que guardo
carinhosamente
no fundo do coração
belas
profundas
feitas de amor e ternura
de longas conversas
de disparates
as que,
aqui ou no fim do mundo
estão sempre ao meu lado
são aquelas de quem me afasto
e me recebem de volta
sem mostrar desagrado

São as minhas pessoas,
as que estimo, as que amo
as que respeito e admiro
algumas têm rostos, que já esqueci
outras vozes que já não ouço
mas fazem parte de mim,
procuro-as sempre que posso
Sem elas
o mundo seria frio e baço.

As minhas pessoas,
que me reconhecem,
no silêncio e nas palavras,
são filhas do mundo,
vivem por aí, espalhadas

vistas, reconhecidas, esquecidas,
desconhecidas, encontradas, procuradas,
mantidas, arrastadas, queridas, amadas
tantas vezes desejadas, choradas, sonhadas...

são as minhas pessoas
sem elas não seria nada!

agosto 01, 2007

Palavras

Palavras, apenas
umas grandes,
outras pequenas.
Palavras que tocam
que afectam, que afagam,
palavras que gritam
que rasgam ,desenlaçam
Palavras que curam,
cheias de ternura
palavras que murmuram,
que fazem da vida
uma tela colorida
palavras tolas,
palavras sensatas
por vezes rios de abraços
outras vezes cascatas
avalanche de sentimentos
palavras que marcam momentos
que prometem, comprometem
que aconchegam ou inquietam
palavras grandes ou pequenas
nunca são palavras apenas.


Esta página espera a cumplicidade de alguém.....

esperava....e recebeu exemplos fantásticos de cumplicidade entre pessoas e palavras. a todos, muito muito obrigada!

( O Blogger é teimoso, não me deixava alterar o texto!!! mas eu sou mulher...;) )

Voyeur

Pele morena
entre lençois de linho branco,
cabelo longo, caído. um seio,
mal escondido pela mão.

uma perna dobrada
deixa um pé tocar no chão

lábios entreabertos
respira calmamente

com o primeiro toque
o seu corpo estremece
esboça um sorriso
e de novo adormece

os seios, agora descobertos
parecem esculpidos
e à medida que os vão tocando
vai soltando gemidos

solta gritos ao vento
voz rouca, corpo rendido
sofre os doces tormentos
de um amante que não distingo

e dança, nesta cama em desalinho
as notas de um saxofone perdido,
corpo dourado em branco linho
num espetaculo divino!

Vivo numa casa
sem portas e sem janelas
quem cá mora não precisa delas
Leves e transparentes
vagueiam pelo ar
e dormem pelo chão
aquecem-se ao sol de inverno
molham-se nas chuvas do verão
acordam com o chamado da lua,
dançam com ela pela noite fora
voltam para casa, sorridentes
quando chega a aurora
É com gestos lentos que me acordam
com sorrisos, quase sem palavras
o sol já brilha...
vou enfrentar a vida lá fora
Fantasmas,
residentes nesta casa que já não chora,
descansem vocês.....por agora

julho 31, 2007

Se deixares....

Amar-te-ei
Como a chuva dá vida à Terra

Amar-te-ei
Como flor de Primavera,

Amar-te-ei,
fruto de Verão,
e folha de Outono

Amar-te-ei
com carinho no Inverno

Amar-te-ei
com calma, nas esperas

Amar-te-ei
Simplesmente
Sem limites e sem regras.

julho 30, 2007

Seduz-me assim...

Procura-me na rua
Passa por mim e sorri

Entra na minha pastelaria
e em segredo paga o meu chá

Deixa uma flor na minha secretária
obrigando-me a pensar "de quem será?"

Deixa excertos de livros,
na minha caixa de correio
Prometo que os procuro e os leio

Laços brancos, nas flores do meu jardim
Não os vou tirar, ficarás perto de mim.

Demora o tempo que quiseres,
a mimar-me assim...
Acompanha-me, descobre-me, intriga-me
e aí

Procura um lugar no cinema,
perto do meu, ainda que separados
veremos o mesmo filme, tu e eu

E depois do filme terminado
passa pela bilheteira
pede um beijo num bilhete rasgado
e se alguém to entregar
sabes onde vivo e como lá chegar.

Pontos de luz pelo caminho
pétalas espalhadas, incenso no ar
portas e janelas abertas
e eu. à tua espera
se arriscares entrar...

julho 29, 2007

GOSTO DE TI !

Não sei quem és.
Como vives
Onde estás
O que ouves, o que fazes
de que ris, porque choras
o que te dói, o que ignoras.
Por onde passas. Por quem passas.
Quem entra e sai da tua vida.
Quem fica.
Quem te atira. Quem te atrai.
Quem te abraça.
Quem lês. Se escreveste.
Se já adormeceste ao raiar do sol
se perdeste noites. Se as ganhaste.
Quantos rios atravessaste.
Quantas marés venceste.
Por onde te perdeste, por onde andaste
por que caminhos voltaste.
Não sei como chegar a ti
ou se te procurar
Mas gosto do teu sorriso e do brilho no teu olhar
Do silêncio infinito em que ficamos a conversar
Gosto de ti no improviso
Não te conheço, mas fazes-me sonhar.
Gosto de ti ao luar
Gosto de ti pela noite fora
gosto de ti, ainda, ao acordar.
Gosto da ideia de existires, da ideia de te ter
Não te conheço. Não te procuro.
Mas és tu quem me vem adormecer.

Amantes

Debaixo do céu e das estrelas
numa cama de relva,
cobertos de luar,
dormem os amantes
exaustos de tanto amar.

Talvez sonhem os beijos trocados
as carícias multiplicadas
A sintonia de corpos que se reconhecem
Talvez ouçam gemidos roucos
e gritos a ecoar
talvez sintam unhas que rasgam a pele
ou corpos que se fundem,
se desintegram e se diluem no ar.

Talvez

Ou talvez durmam sem sonhos
porque foram para lá do sonho
entre o receber e o dar...

julho 28, 2007

Momentos

Estacionaram lado a lado.
Sorriso. Sorrisos.
E agora?
Ela viu uns olhos. Azuis.
Da cor daquele céu de verão.
E um tufo de caracóis revoltos
Ideais para passar a mão.

Entramos?
Entraram. Fechou-se a porta.
Abriu-se o silêncio.
Tinha sido fácil chegar ali...
Mais sorrisos, hesitantes.
e perguntas importantes.
Então? mudou algma coisa?
Não. Não tinha mudado nada.
Apenas havia olhar, corpo e mãos
a associar a uma voz.
Gosto destas mãos,pensou ela.
Ele? não sei do que gostou.
Partilharam abraços. Beijos.
Carinho. Partilharam histórias.
E esfumaram-se as horas.

Como nos contos de fadas,
a magia foi-se embora...
Gestos desajeitados, abraços.
"Gosto de ti" trocados.
Ele regressou pelo mesmo caminho.
Ela foi para casa, sozinha.
A vida tem coisas destas...

A vida tem coisas bem melhores que contos de fadas
momentos em que o que sentimos é verdadeiro,
as deixas não são inventadas.
Sem espaço para mentiras ou verdades pouco claras.
Momentos em que se separam os corpos
mas se amarram definitivamente as almas.

e eu gosto de momentos assim!

Carta

Gosto muito de ti.
De acordar e saber que te encontro.
Sem saber de onde vens,
mas também não me importo.
Gosto de te sentir ao meu lado
quando me viro na cama.
Gosto de te saber em casa
para o jantar.

Sei bem que não gostas de multidões,
de teatros, de cinema, por isso nem te peço
para me acompanhar.
O barulho dos centros comerciais incomoda-te.
Vou sozinha comprar...
Os teus cereais, a tua fruta, o teu vinho,
tudo escolhido com muito carinho.
Sei que estás cansado. Muito trabalho, muitos serões.
Fins-de-semana passados a trabalhar.

Sei que te vou encontrar a ler, ou a jogar.
Ultimamente preferes o computador. Faço o que
posso para não te incomodar, meu amor.

Deito-me cedo. Espero por ti.
Muitas vezes adormeço sem te abraçar.
Levanto-me cedo. Deixo a casa a brilhar.
Faço o teu almoço e vou trabalhar.

Não me lembro bem se ainda me procuras.
Mas estás em casa. Estou segura.
Já não me lembro bem do teu sorriso.
Mas sei que me amas, dizê-lo não é preciso.

Hoje fui às compras sozinha.
Comprei coisas lindas, de rendas e de seda.
Não, não precisas de ver...para ti sou uma princesa!
Mas...eu até queria mostrá-las.
Que as tirassem, me tocassem sem elas.
Sei que não tenho rival,
mas tenho saudades tuas, afinal.

Mas deixa estar. Nem te preocupes.
Continua aí, entre o trabalho dobrado e esse jogo viciante
que te mantém afastado de mim pela madrugada fora.
Não sei com quem trocas tantas mensagens.
Mas porquê pensar nisso agora?
Nem porque pareces tão feliz quando chegas, apesar de cansado.

Hoje vais chegar, como sempre, cansado e sorridente.
E sem vontade de falar.
Nao faz mal. Vais encontrar a mesa posta.
O jantar não sei se faço.
Mas deixo-te uma casa vazia de mim.
E levo algumas recordações.
Não muitas. Não há muito de bom para levar.
Mas sabes? nos ultimos tempos, aprendi muito.
Não fui feliz, mas ainda vou a tempo...

julho 27, 2007

Entre sombra e luz
entre o certo e o incerto
quem está longe
e quem está perto
é tua a voz que me seduz...

Segredos

Que segredos me contam os teus dedos?
Entre arrepios e pequenos gemidos
explorando o corpo, desatando os sentidos

Que segredos conta o meu beijo ao teu?
Entre lábios e lábios
no escuro de breu

O que ouves quando respiro
quando gemo, quando grito?

É segredo...
o que me solta, me leva ao espaço
me traz de volta.

Que segredos te conto eu?

No meu paraíso

Há falésias. Há dunas.
Há o azul do céu.
Gaivotas.
Visitantes ocasionais.
Há o calor do sol na minha pele.
Algas. Que dançam à vez
com as minhas pernas.
O sabor único
dum lugar por descobrir.
O silêncio quase perfeito
que poucos sabem sentir.
Há o canto do mar
que me embala o sono.
E é aqui, entre a realidade
e o sonho
que me encontro e me abandono.

julho 25, 2007

The Lazy Sunbather

Lazy sunbather
at the end of the day
absorbing the sun
and flying away
through memories and scents
feelings and wishes
listening only to the waves
reaching the shore

travelling slow
or not moving at all
to those who are around
immobile and small
maybe asleep...still
so far away!

Where would I be
If you were by my side
If I could hear your breath
If I could read your eyes

If we both were sunbathers
at the end of the day
would I stay by your side
would I still be dreaming away...?

julho 24, 2007

Serás tu capaz?

De ouvir. E perceber.
Sem interpretar.
Aceitar que não sei.
Que posso não saber.
Porque nunca pensei nisso.
Porque não encontrei ainda uma resposta.
O facto é que não sei.
A razão não interessa.

No meio do meu silêncio,
Oiço grilos a cantar.
Não sei porquê. Nem me vou preocupar.
Serias capaz?
De ouvir o que digo
sem tentar ler o que estou a pensar?

O mundo teria muito a ganhar.
Se todos soubessemos ouvir,
em vez de tentar interpretar.
Se, no lugar de dissecar frases,
esmiúçar sílabas e tons de voz
para caberem no nosso microscopio interior
tivessemos a capacidade de crescer,
arranjar espaço,
deixar entrar as declarações dos outros como um todo. E aceitar.
Basicamente, se soubessemos ouvir.

Mas o meu mundo começa em mim.
E como eu gostava de o prolongar em ti.
Se me soubesses ouvir...

Quero. E não quero.
Procuro. Mas não desejo encontrar.
Queria ser encontrada.
Achada, como um tesouro no fundo do mar.
Única e brilhante no meio da multidão.
Procurada. Desejada. Sonhada.
Aquela. A.
Aquela que te faz sorrir. Vibrar.
O princípio e o fim. O meio.
O adormecer. O acordar.
A chuva, o sol. A neve e o frio.
O aconchego e o desafio.
Ser a razão.
Ser a causadora e a causa.
Ser o teu mundo e a tua casa.

Well....maybe!

Nem perto, nem longe.
Simplesmente estás.
Ocupas um espaço.
O teu sítio. O teu lugar.
Existes?
Existes, se calhar...

julho 23, 2007

Espero-te

Vem. Sem pressa.
Podes-me acordar.
Com carícias,
delícias, palavras
que me fazem corar.
Com silêncios. Com beijos.
Gestos lentos
que me fazem esperguiçar
Os dedos na minha pele,
a tua lingua a passear...

De olhos fechados,
Sentidos a rodopiar.
Espero-te assim. Nua.
Ao luar...

julho 22, 2007

Por um sorriso...

Por um sorriso teu
belo e espontâneo
pelo brilho dos teus olhos
o sentir instantâneo
pelo calor desses dedos
enredados nos meus
Fecho a porta às trevas,
ao vento, ao frio
resisto aos assaltos
ao abismo, ao vazio
Abro as janelas à luz
e a um novo vento
apago desilusões
e volto a abraçar o sonho

Sim...pelo sorriso
E também pelo dono...