agosto 29, 2007

Sabia que não era aquele o caminho. Não estava onde queria nem a caminhar para lá. Não era a sombra daquelas árvores que queria nem o canto daqueles pássaros. Não era aquele sol nem aquelas praias, que tantos invejavam.
Não queria estar ali!
Portanto, enquanto aos olhos dos outros seguia diáriamenta a rotina imposta, sem pisar fora do trilho, ia construindo caminhos. Possibilidades, hipóteses, sonhos, ideiais, tudo servia para marcar no mapa o caminho desejado. E os dias iam, lentamente, passando. Passaram algumas estações, as árvores cresceram e foram-se fortificando. E ela ali. Onde não queria estar, na rotina pré-estabelecida, a ver a vida passar.
E, num daqueles rasgos de lucidez, que aparecem como um raio de sol extraviado entre as nuvens da tormenta, lembrou-se que a resposta era até 23. E então, com os gestos calmos e seguros de quem sabe que está a dar um passo enorme em direcção ao vazio, abriu o mail e respondeu sim. Simplesmente, agradecendo com as formalidades do costume, deu um passo rumo ao futuro.

Fechou a porta, entrou no carro, verificou que lá cabia tudo o que realmente era importante e, sem perder mais tempo, rodou a chave e foi-se embora.



Contentores

10 comentários:

MIMO-TE disse...

Quantas vezes porrogamos a decisão a tomar, como se não soubéssemos verdadeiramente qual é o n/caminho. Penso q sabemos sempre, dificil é avançar.Quanta insegurança, até q num segundo, tudo se altera e nascemos de novo.

Um Bejo mimado
Mimo-te

O Árabe disse...

Belo texto. É preciso muita sensibilidade para saber que tudo que realmente é importante pode caber em um carro... ;)

Anónimo disse...

Não seria uma certeza esse caminho...mas seria mais uma travessia que ela precisava de fazer... embora com as incertezas calculadas...

Apreciei rever e reouvir os Xutos.

Beijos Gata =^.^=

OLHAR VAGABUNDO disse...

belo texto...já fizeste esse caminho...
beijo vagabundo

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Gostei muito de aqui passar.
Tens poemas fantásticos.

beijo

O Profeta disse...

Desprendem-se gotas do azul na água
O tempo continuará a existir
Ávida terra de assombro
Vacilantes passos no partir

Manhã submersa de neblinas
A noite teceu seu manto
A agua na sua eterna viagem
Cobriu a ilha de pranto


Profético beijo

Márcio disse...

Porque tudo na vida é duro... e é preciso controlar!
Xutos, fantástico!!!

Ni disse...

Olá!

Sorriso.

Indiquei o teu seu poema intitulado SEDUZ-ME ASSIM, aqui editado em 30 de Julho, para o " PRÊMIO CANETA DE OURO – POESIAS 'IN BLOG' 2007", idealizado por ANDRÉ L. SOARES e RITA COSTA. Para conhecer as regras deste evento vê o link no meu blog.

Participa, faz também as tuas indicações e, juntos, vamos construir um dos maiores eventos relacionados com a poesia, em blogs de idioma Português!

Um abraço!



Ni*

Anónimo disse...

fantastico blog.
adorei.
palavras doces.
bom.
de novo virei...
sim...virei...sinto-me bem por aqui...
parabens à autora.
bravo.

cris disse...

Por que será que temos sempre a mania de ter medo de ir... se não queremos ficar? Acabamos sempre por fechar os olhos e nos atirarmos, certo? Se é esse o caminho não há mesmo nada a fazer. Um bravo para ela, que cresceu um bocadinho mais ao partir.

E bravo para ti porque estou a gostar de cá andar.

beijocas larocas