setembro 22, 2007

Gatas Vadias

As gatas são, por natureza e definição
animais que se prendem às casas.
Por mais que tenha querido ficar, esta
não me soube prender.
E afinal, mudar é crescer.....

Portanto, a partir de agora esta
será, e com certeza por muito
tempo a nova casa da Lazy Cat

setembro 20, 2007

Sofá....

Não sei se me apetece...
Já cheira a Outono por aqui, o vento sopra baixinho,
apetecia apenas encostar-me e ficar assim. Gosto
deste sofá, já está habituado a mim. Tem o meu
cheiro e o meu jeito. É perfeito para estar longe do
mundo, basta fechar os olhos e tudo se apaga num
segundo. É o meu sofá. É o meu canto. A minha concha.
Os braços que me embalam e me aquecem, as costas
que me apoiam e nunca desaparecem. É meu. Tem a
minha forma. Somos o complemento um do outro.
Acolhendo-me torna-se útil, acolhendo-me dá-me conforto.
Fazemos parte um do outro.


Há gente assim,
que se agarra a coisas, que mais ninguém entende,
como um velho sofá, onde se enrosca e se estende
.





Há gente assim, que valoriza menos o que vê e mais o que sente.
Há gente assim, que perante um mundo louco, que cerca e aperta
procura um velho sofá onde se enrosca, e fica mais segura de
repente. E há gente assim. Como o meu sofá. Quer passem dias,
passem horas, passem anos, batemos à porta e estão lá. Há gente
assim, que no meio do mundo, que rodopia louco e surdo, abre os
braços como o meu sofá. Não faz perguntas, não quer respostas,
abre os braços e cabemos lá. Como marcos, num caminho,
mas feitos de compreensão e carinho.
Há gente assim. Mas não são muitos. Não são os reis das
festas, não são os reis de tudo. Não se notam no meio do mundo.
São as mãos silenciosas que nos puxam nas subidas. Que nos
evitam as quedas. Os olhos que encontramos quando perscrutamos
estrelas. Os sons do vento que nos toca devagar, que seca lágrimas
e nos dirige o olhar. São os sorrisos em silêncio. As chávenas
de chá de madrugada, as camisolas de lã e as torradas. São os
quilómetros que nos separam em segundos, a certeza do passado,
reafirmada agora, projectada no futuro. Há gente que estará sempre
dentro de nós, por mais que tudo o resto mude, e é assim porque
estar assim é ser completo, e não metade do mesmo objecto.
E depois há gente assim, que vamos encontrando na estrada,
entre a chuva e a trovoada. Gente de sorriso em punho. E de gritos
sentidos e profundos. Que também queremos gritar. Que parece
conhecer-nos. Viver no mesmo lugar. Naquele onde se encontram
vidas e preenchem espaços. Onde se desenham palavras e
fabricam abraços. E se tenta enganar a dor. Gente igual a nós,
o mesmo molde, noutra cor. A caminhar nas arestas do cubo.
Em perpétua busca de equilíbrio, fazendo dos braços dum sofá
imaginário, o mundo fora do mundo, em que o verbo ser não
é adjectivado. Há sim, há gente assim. Que não tem medo de nada
e morre de pavor de tudo, que busca e busca e não encontra nada,
porque não quer senão tudo.
E esse tudo nada é senão um velho e gasto sofá de veludo.

setembro 19, 2007

Apenas um abraço

Apenas um abraço.
Não quero beijos
Não quero palavras
Nem olhares
Apenas um abraço.
Não quero promessas
Não quero perguntas
Nem contares
Apenas um abraço
Que me traga desses lugares
Apenas um abraço
Sem lágrimas
Sem histórias sentidas
Sem cobrar promessas
Novas ou esquecidas
Quero apenas um abraço
Encostar-me, devagar
E assim adormecer

setembro 18, 2007

NUS

Chegou o fim
dos doces enganos
O vento sopra, ainda lento
E já nos desvendamos
Leva-nos a roupa,
ficamos nós
As nossas cores,
As marcas, as raízes, os nós.
Sem mais subterfúgios
Apenas nós.
Já nos conhecemos
De corpo embalado
e caras mascaradas
Será que nos reconhecemos
Agora que o vento levou
As fitas,os laços, as deixas,
As personagens decoradas
Agora que estamos nus
frente-a-frente
apenas eu e apenas tu.
Será que entre os nossos
Segredos, entre os novelos
Os recantos e os enredos,
Entre as palavras ditas
E demasiado cuidadas
Será que soubemos
Contar parte de nós
Apenas um pouco?
Apenas o suficiente
Para nos reconhecermos
Agora que estamos nus,
Sozinhos, despidos
Agora que somos,
Sem subterfúgios,
Apenas tu, apenas eu
Apenas ... nós?

Iron Maiden * No More Lies

miaauu!!

Hoje sou gata vadia,
A passear de telha em telha,
À luz da (meia) lua cheia
Vou espreitar do vosso lado
Roçar as vossas pernas,
Deixar mios em todo o lado
E quem sabe, se me apetecer
Um ou outro beijo miado…


The Pink Panther

setembro 17, 2007

Saudade

Saudade distância
Saudade ternura
Saudade silêncio
Saudade loucura

Saudade afinal
Que sempre perdura
Eterno punhal
Em ferida sem cura

Saudade que corta
De mão lenta e segura
Afinal que me importa
Se ter-te é saudade
E perder-te é tortura?

Chega de Saudade

setembro 15, 2007

Fim-de-semana

Vais chegar sedento e vou deixar que te afogues no meu corpo.

Vou ser água e vinho para ti.
Vais inebriar-te, encher-te de mim,
encher-me de ti, abraçar, afagar,
explorar, (re)descobrir.
O meu corpo anseia pelo teu.
O teu grita por mim.
Já sinto o teu cheiro, já sei o teu desejo,
e ainda estás para chegar.
Já estremeço no teu beijo.
Já te quero e ainda não te posso tocar.

Sinto o brilho dos teus olhos,
sei o frio do teu toque, sei do calor que
sabes despertar.
Que se aproxima a cada minuto, embora o tempo
enrole e pareça parar.
E agora, aqui, sentada, enquanto espero o
tempo passar, fecho os olhos e desenho a noite,
escrevo as estrelas, os gestos lentos,
os gestos antigos que vamos relembrar.

Decido o teu cheiro, que óleos usar,
escolhes a canela, eu o gelo polar,
que provoca arrepio,
e o meu seio macio desperta sem tardar.
Escolho a música,fecho as portas,
abro janela, corro cortinas,
arranjo recantos, revejo planos,
e de vez em quando ouço-me suspirar.

Escolho com cuidado o que vou despir...
o toque do branco que nos irá cobrir,
já cansados, sono perdido, ainda não saciados.
Preparo-me assim,sentada neste recanto,
entre velas de perfumes inebriantes,
janelas abertas e chamas crepitantes.
Gosto deste contraste,
do vento que sopra, lá fora, da fúria com que circula,
enquanto cá dentro, se prepara devagar,
uma noite... também de ternura. Chega de espera!
O meu corpo já grita,
de voz rouca e aflita que já passa da hora,
que é tortura a demora,
que te queria assim, aqui, agora....

Música : façam as vossas escolhas, deixem sugestões...


Nights in white satin
Je t'aime...moi non plus!

setembro 13, 2007

Pauta

Sombra e Luz
Verso e Reverso,
Palavra que seduz
Grito em verso.

Olhares convergentes,
Mesmas vidas.
Pessoas diferentes,
Mesmas feridas.

Segredos e desejos
Ocultos ou revelados
Apenas ensejos
E já concretizados

Noutra pauta,
Sinfonia dispersa
Na minha,
Sintonia perfeita



:-) Amazing Mozart

Mozart - Concerto para Violino #3-3

Blue eyes blue

Ventos e aromas de chá
Entre almofadas às cores
E flores de lilás
Sorrisos e gestos contidos
Conversas amenas
De velhos amigos.

No azul dos teus olhos
Esquecemos o mundo
Passaram as horas
parecendo de segundos
como diz a canção
alheios a tudo...

Foi um quase sonho
Estranho e risonho

Behind Blue Eyes * Limp Bizkit
Behind Blue Eyes * The Who
Blue Eyes * Elton John
Dunas * GNR

setembro 11, 2007

Loucura

Ainda que caiam chuvas e lavem o caminho com torrentes de água escura, ainda que o sol queime tudo, deixando apenas um quadro negro de amargura, ainda que passem pragas e calamidades e que a natureza tudo destrua, saberei guiar-me, de dia pelas nuvens, de noite pela lua, para chegar a ti. Saberei sempre encontrar-te, ainda que tudo te esconda, ainda que grite o teu nome e ninguém me responda, ainda que todos me gritem que não és para mim, que fugiste, partiste, que nunca quiseste o que senti, ainda que tudo se desfaça, sinta a ausência como uma faca. Porque sei, com esta certeza que não se explica, que tudo o que sinto tem em ti uma réplica, que não te quero em vão, que este amor tem uma razão, que embala a dor devagarinho, a transforma em azevinho, coroado de espinhos mas belo, onde vale mais picar-se que perdê-lo.
E assim te mantenho, fechado no coração, como tenho os espinhos enterrados na mão, mas nem assim os largo, nem assim te deixo, porque se abrir a mão sou eu que me perco. Sou eu quem se dilui, anil em água azul, se tiver que deixar ir este amor com sabor a sul, por não saber ouvir tudo o que dizes antes de partir, tudo o que dizes quando estás longe, tudo o que sinto quando te abraço, se tiver que puxar a ponta e desfazer o laço. Se entre os sons do mundo, deixar de ouvir o teu grito mudo, que me envolve como chama, me aquece e me reclama, se deixar de banhar-me no teu olhar e adormecer a cantar, porque ouço a tua música, e só eu conheço a letra de tudo o que compões, porque cada uma das tuas notas é tocada para dois, se tiver que fechar os olhos e o coração, se tiver que dar ao resto do mundo razão, perdendo-me da minha, se um dia tiver que me calar, ou cantar apenas em surdina, perder-me-ei, sem dúvida, pelas encostas ou pelas ravinas, não porque ouça o resto do mundo a gritar... Perder-me-ei, sempre, invariávelmente, apenas, quando deixares de tocar. Quando a voz do teu amor se extinguir, quando o seu fio já não me guiar. E ainda que a natureza me perca, ainda que a tua voz se cale, ainda que pise um caminho de amargura, saberei encontrar-te, meu amor, porque és o meu destino, o meu caminho tudo o que foi e há-de ser, o que vivi e tenho por viver, és a minha maior aventura, a maior certeza, a melhor loucura. Para sempre. Sem cura.

Le llamaban loca * Mocedades
Outra vez * Maria Bêthania
Outra vez * Roberto Carlos

setembro 10, 2007

Em silêncio

Em silêncio,
A meias palavras
Quase ditas,
Apenas caladas

Em silêncio,
Gritos abafados
Gemidos surdos
Sons esvaídos

Em silêncio
Sem gestos
Sem voz
Sem lágrimas

Em silêncio
Alma desgarrada
Meia perdida
Mal amada

Em silêncio
Juras esquecidas
Noites vencidas
Esperas adiadas

Em silêncio
O teu eco
Em silêncio
O meu peito


David Bisbal * Silencio

setembro 09, 2007

Frágil

Frágil
rebento de sonho
entre luz e abandono
Frágil
de seda macia
em cama vazia
Frágil
união de retalhos
de beijos molhados
Frágil
fugaz fantasia
palavra, poesia
Frágil
silêncio que some
tua voz, meu nome

Piano after dark

setembro 07, 2007

Tristemente profundo,
Este sentimento de escuro
De queda, de saída
De portas que entalam a vida

Tristemente calado
Este grito sentido a sós,
Este gesto inacabado
Que semeia a vida de nós

Tristemente dormido
Este sonho desfeito
Este bater surdo e rouco
Este roer no meu peito

Ah! Tristemente chorado
Com lágrimas vazias de tudo
Este medo que me agarra,
Gelado e feio, patas de veludo

Tristemente iluminado
O caminho que piso
Entre os olhos velados
E os sinais de aviso

Tristemente sozinho
O grito que agoniza
Numa boca fechada
Pela mão da certeza.

Wind walker

setembro 06, 2007

Esta carta é para ti.

Tem dentro todas as palavras e todos os silêncios que gritam o que sinto por ti. Tem todos os momentos que partilhámos, todos os sonhos que sonhámos, tem todos os teus sorrisos e esperanças, tem todos os nosso projectos, todas as nossas saídas, os nossos segredos, as nossas danças. Tem a tua mão na minha ao luar, à lareira, na floresta, a passear. Tem o sol na pele, o sal nos lábios. Tem cores e sabores de férias partilhadas. Tem flores e jardins e relvas frescas e macias. Tem sorrisos e risos de crianças, novos olhares e mais algumas esperanças. Tem lençóis enrugados, serões prolongados, tem manhãs preguiçosas, tem noites sem fim. Tem as tuas telas e os meus pincéis, uma aguarela feita a dois. As nossas letras, palavras murmuradas, as mentiras pequeninas. Tem fios de desejo que atravessam o papel, tem um ou outro beijo, tem fotos de família, tem baloiços no jardim, tem um arco-íris que ri pintado numa parede, tem bochechas carmim, bonecos de neve, tem uma vida imaginada, pintada e colorida por mim.
Tem um sonho em suspenso, à espera de ti!




Strani Amori * Renato Russo
Strani Amori * Laura Pausini

Meu...

"Que me abrace quando me apetece chorar
Me dê beijos, em silêncio e me deixe desabafar.
Que saiba perceber sem palavras, que adivinhe..."

Abraços,
por encomenda silênciosa,
beijinhos e carinhos
com razão mas sem hora
uma mão na minha,
e vidros coloridos
quando o meu tempo chora
gargalhadas repentinas,
bricandeiras,
como serpentinas,
que o vento agarra e desenrola.
E confetis de alegria,
espalhados pelo chão
tudo isto sem pedir.
Apenas porque sim.
Porque agora, porque não?
Porque sabes como sou
E porque gostas de mim.
E porque também lá estou
Quando o teu céu troveja
E é minha,
no escuro profundo,
A boca que te beija.
São minhas as palavras
Aquelas que odeias,
que te fazem explodir,
que te rasgam
e minhas as mãos que
te abraçam e te embalam
e aquecem e fazem dormir.
É meu o pé que encontras,
Quando te desvias do caminho
E mesmo que te percas
Nunca o fazes sozinho
São meus os silêncios,
Onde te vens refrescar
É meu o sal
Que te faz crepitar
Porque nos amamos
Nesta doce forma de estar
De ser sem pertencer
De dar sem mentir
e receber sem cobrar
Estranha para o mundo
Tão boa de estar…


... Cavaleiro andante

setembro 03, 2007

Ritmo de Luz



Em todas as palavras que digo,

em todas as que escrevo

há ritmo de luz e abandono,

quando penso em ti

e em silêncio te tomo.

Quando os meus olhos te abraçam

e te fazem estremecer,

quando

ainda antes do meu toque

já te sinto tremer,

quando os dedos se fazem gotas

que deslizam a meu querer,

te refrescam,

te aquecem,

te deixam no querer...

Quando os gestos são o tom

da música que ouço e dançam

por ti todo,

entre pernas e pescoço,

num bailado lento e longo

como gotas de água e fogo.

Quando o teu corpo é papel,

onde escrevo mil segredos,

quando é tela que pinto,

água que bebo.

Quando não quero que me toques

nem quero que me vejas,

quando te dou tudo

e guardo o que mais desejas...

Quando de lábios te exploro

e te mordo devagar,

digo que te adoro,

que te quero,

que não posso esperar,

quando a música nos toma,

se faz nossa dona

e nos obriga a dançar,

quando somos só um, e a terra a girar,

quando escrevo o que sinto e te deixas amar...





Breathless

setembro 02, 2007

POESIA "IN BLOG" 2007



Inesperadamente, fui indicada pela Ni*, que escolheu o meu poema Seduz-me assim, para o "PRÊMIO CANETA DE OURO – POESIAS 'IN BLOG' 2007" , idealizado por ANDRÉ L. SOARES e RITA COSTA.

Para conhecer as regras deste evento clique AQUI
Participe!

Cabe-me indicar 5 poemas em 5 blogs.

ACNSOAÇ - Ki - 31/08/2007

Gata - Perdição - 21/07/2007

sem título - Apache - 09/03/2007

Danço com o teu amor - Calimera - 05/08/2007

Vou reinventar palavras - Alexandre - 20/08/2007

feita a minha escolha, e seguindo o protocolo, vou agora visitar-vos para vos dar a notícia.

mas, porque me apetece, também vos deixo um Leve beijo triste


setembro 01, 2007

Mesas baixas, cortinas a esvoaçar nas janelas e aquela
música, vinda lá de dentro, de um qualquer lugar que
adivinho mas não vejo. Aqueles óleos, espalhados, para
se usarem ao acaso. Toalhas dobradas, aqui e ali, vendas
e outras surpresas, escolhidas por ti.

Só quero mais uma coisa, que o aniversário é teu,
e assim sendo os privilégios e os desejos não podem
ser (todos) meus. Quero-te solto. Liberto dessa capa
que usas, desse fato, escuro, dessa compostura.
Quero-te a ti. Quero o homem.
Esta noite é nossa, não quero limites nem convenções.

In a sentimental mood ** Elligton&Coltrane

Sugestão da KI Take my breath away