agosto 29, 2007

Sabia que não era aquele o caminho. Não estava onde queria nem a caminhar para lá. Não era a sombra daquelas árvores que queria nem o canto daqueles pássaros. Não era aquele sol nem aquelas praias, que tantos invejavam.
Não queria estar ali!
Portanto, enquanto aos olhos dos outros seguia diáriamenta a rotina imposta, sem pisar fora do trilho, ia construindo caminhos. Possibilidades, hipóteses, sonhos, ideiais, tudo servia para marcar no mapa o caminho desejado. E os dias iam, lentamente, passando. Passaram algumas estações, as árvores cresceram e foram-se fortificando. E ela ali. Onde não queria estar, na rotina pré-estabelecida, a ver a vida passar.
E, num daqueles rasgos de lucidez, que aparecem como um raio de sol extraviado entre as nuvens da tormenta, lembrou-se que a resposta era até 23. E então, com os gestos calmos e seguros de quem sabe que está a dar um passo enorme em direcção ao vazio, abriu o mail e respondeu sim. Simplesmente, agradecendo com as formalidades do costume, deu um passo rumo ao futuro.

Fechou a porta, entrou no carro, verificou que lá cabia tudo o que realmente era importante e, sem perder mais tempo, rodou a chave e foi-se embora.



Contentores

agosto 27, 2007

Silêncio





Porque é no silêncio que
melhor te ouço
quando sorris e
beijas o meu pescoço
quando vejo os teus olhos
brilhar
quando sei tão bem o que
queres sem precisarmos
falar
quando o silêncio cheira
a desejo
e se veste de cúmplicidade
quando abandono o sonho
e te faço ... realidade

agosto 26, 2007

Ghost

Oh...I won't go out tonight
I'm going to stay
It's cold and windy outside
I'm better home anyway

An old song reminds me of you
your touch, your smell
the crazy things
we used to do

I'll stay...
I'll close my eyes
I'll feel you
again

You will whisper in my ears
those words you used to play
your voice in my dreams
till the sun makes you away...


The Promise

agosto 23, 2007

é nesse momento incerto

entre o sonho do sono

e o sonho desperto

que te encontro

e te perco

Nuit

agosto 22, 2007

Não, não me esqueci

Sei como é
adormecer ao teu lado

Sei como é
passarmos a noite acordados

Sei como é
ter-te ao meu lado

Mas...ter-te ao meu lado
como eu realmente queria
não é ter ao meu lado
uma conha vazia
um balão
que apenas o meu ar preenche

não é seres o contorno
e eu as cores

não é esperares por mim
por mais que demore

não é quereres
o que me apetece

não é seres sombra
que à minha voz obedece

quero aquela peça
que encaixa perfeitamente
em mim
preenchida, colorida
infinitamente brilhante
perfeita na textura
no relevo, no tamanho
na curiosidade e no sonho
meu desejo, meu orgulho
meu encosto, meu refúgio
e meu sono...


agosto 20, 2007

Eu, os desafios e a falta de tempo!

Bem....aceitei mais um desafio. Mas a verdade é que não tenho muito tempo neste momento, portanto, vou deixar aqui os sete factos casuais da minha vida, e desafio todos os que passarem por cá e e quiserem deixar um rasto de personalidade...mas não vou desafiar 7 bloggers. Sorry...

Aqui ficam os meus 7 factos :

1.- Sou chata, refilona e resmungona (principalmente de manhã)
2.- Detesto ser acordada
3.- Só gosto de chocolate sem misturas
4.- Não gosto de cerveja
5.- Nunca sei onde tenho as chaves
6.- Não gosto nada de ter que lavar o carro!
7.- A minha maneira de atender o telefone "virou moda" lá no escritório...

Acho que o verdadeiro desafio é conviver com alguém assim!(e aqui só estão 7)

Porque será que nestas coisas toda a gente tende a dizer aquilo de que gosta??

Desculpa

Desculpa, se a páginas tantas
me perco e te esqueço
se me embrenho em palavras
e letras e cores e outros sons
e danço outras músicas
e me esqueço dos teus tons
Desculpa se te apanho num turbilhão
te enrolo e destroço
aparentemente sem razão
se te arranco o chão
debaixo dos pés
e desarmo e desconcerto
o homem que és
Desculpa, se recuso o teu beijo
mas, se me tocas expludo de desejo
se não procuro o teu abraço
se te fecho a porta do meu espaço
se não sei fingir sorrisos
se me calo, se te ignoro
se sou o pior dos portos de abrigo
se não tenho palavras e me escondo
Desculpa se te transtorno,
me transformo,
e vives em perpétuo abandono
Desculpa, se não vou onde estás
se és café e eu aroma de mil chás
se procuras um ombro e eu um amante
se te vejo pequenino e te sentes um gigante
Desculpa se os meus horários
são tudo excepto ordinários
se do que esperas de mim,
apenas tens os contrários
Desculpa todos os beijos, carinhos,
os silêncios, os desatinos
todas as sombras, as horas longas

Desculpa, em resumo, todos os dias
Em que não fui quem tu querias.
Fui como sou.
E é tudo isso que te dou...

agosto 16, 2007

Vem

Agora que o vento amainou
e o céu já não chora
que a tempestade passou
e a fúria foi embora

ficaram alguns destroços,
com cheiro a terra molhada
e retratos feitos no vidro
duma vida embaciada

brotaram flores na terra
duma vida adiada
e novas cores no céu,
a pintar a madrugada

Vem que a aurora
ainda a despontar
traz consigo a promessa
de tempo para amar...


You Tube - Le Grand Bleu

agosto 15, 2007

Poemas

São sentimentos
Saudades
São beijos
Uns dados, outros guardados
Não são gritos
Não são recados

São lágrimas
Amargas
Umas choradas
Outras suspensas
São pedacinhos de mim
Que arranco e reparto

Um sonho
Um desejo
Um querer, algum pecado
Um sorriso
Um abraço
Um arrepio

São palavras
Não são mapas
Nem têm razões

O meu coração
Não tem livro de instruções

OH ! AI MEU DEUS! E AGORA!?! Um ÓSCAR? não...DOIS!!


Obrigada aos dois.
E....desculpem lá mas estes eu fico com eles só para mim!!

agosto 14, 2007

OBRIGADA!

Esta noite tem sido absolutamente fantástica!

Arranjei tempo para responder a desafios e recebi 2 prémios!!
Um deles a GATA, que orgulhosamente coloco aqui (para sempre).

Muito Obrigada mestre!!!

Correcção importante : Um prémio e um GRANDE miminho....EU!!!!desenhada por um Mestre !

The Power of Schmooze Award

Um prémio oferecido por um mestre !



O prémio foi criado pelo Mike do Ordinary Folk ( http://thingsbymike.com/ ).
Este prémio é uma tentativa de reunir os blogs que são adeptos dos relacionamentos "inter-blogs" fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo. Antes das regras, vale aqui uma definição de SCHMOOZE, vocês não vão encontrar facilmente o termo num dicionário convencional.
Regras:
1. Se, e somente SE, receber o "Thinking Blogger Award" ou "The Power of Schmooze Award", escreva um post indicando 5 (cinco) blogs que têm esse perfil "schmoozed" ou que o tenham "acolhido" nesta filosofia. (se não entendeu, leia a explicação no parágrafo anterior de novo).
2. Acrescente um link para o post que o indicou e um para o post do Mike, para que as pessoas possam identificar a origem deste meme.
3. Opcional: Exiba orgulhosamente o "Thinking Blogger Award" ou o "The Power of Schmooze Award" com um link para este post que escreveu.

E pronto, lá vou eu de novo nomear 5 blogs!

Que são :

http://cali-mera.blogspot.com/
http://cleopatramoon.blogspot.com/
http://luarnocturno.blogspot.com/
http://mimo-te.blogspot.com/
http://estaminhacasa.blogspot.com/

Não me custa nomear, não é isso! Custa-me é não poder nomear todos os que leio, os que me visitam, os que escrevem tão tão bem!!!

Mestre, obrigada!



Só um mestre para desafiar uma gata e não sair arranhado!

Nomear as 7 maravilhas da minha vida não é fácil! Porque neste mundo onde tudo roda e gira e muda mais depressa do que eu, também elas vão mudando.

Portanto, neste momento as minhas maravilhas são:

1.- Os 2 homens da minha vida
2.- As minhas pessoas
3.- O sol
4.- O mar
5.- A Serenidade com que encaro a vida neste momento
6.- O silêncio
7.- Este meu canto (que me prega partidas destas, mas onde descubro novas maravilhas todos os dias)

Passo o desafio a :




E pronto!

agosto 13, 2007

agosto 12, 2007

Danças para mim

Ouvem-se entre as fogueiras notas de uma guitarra perdida algures.
Cheira a madeira e o calor invade tudo, entre faúlhas crepitantes e fumo...


E agora, que está na hora, cheira a alecrim, a canela e a orgulho.
Homens de calças negras e camisas presas por um nó, pés nas cadeiras, dedilham guitarras, preparam a voz, num ritmo só.
Vestidos compridos, coloridos, cabelos negros revoltos, ouro, jóias e brilho... É noite de tradição e de magia, de cumplicidade, no ar que se respira...É a última do verão, noite de sonho e de paixão.
E de repente calam-se as guitarras e cala-se a voz. E entras tu. Saúdas as damas, entre o fumo e as chamas, levantas os braços, dás o primeiro passo, retoma-se o ritmo e perco-me...no teu cabelo, nessas mãos levantadas ao céu, nesse torso, nú, que quero meu. E danças entre o fogo e as fumaças, passas por mim, nem sei se me vês, és ritmo, és luar, és luz, dobras e vibras e a terra vibra debaixo dos teus pés. E não tiro os olhos de ti, do teu corpo perfeito, cansado, brilhante, do porte orgulhoso, do cabelo solto, das pernas e desse vulto que o negro das calças não esconde, das voltas, sapateado, do cabelo longo, alado, dos pés que batem a terra, dos braços, das mãos, dos lábios entreabertos, dessa paixão que te consome, me envolve e nos devora.... e vês-me agora, e sorris, ao ver-me despida, além do xaile e da saia comprida, de pé, à tua frente, desperta e ofegante...e tomas-me, nesta dança de despedida, entre chamas azuis e saia garrida, entre notas perdidas e chamas de vida, entre paixão e desejo, já saudade e ainda beijo, entre o céu e as estrelas e o luar como testemunha, entre gritos e ternura, entre o amor e a loucura, como nunca antes...meu orgulhoso e eterno amante.

Amores às Cores

Vermelho intenso, ardente
fogo de paixão
Branco, calmo e tranquilo
não inquieta o coração
Amarelo, azedinho
desconfiado sem razão
Verde tenrinho,
quebra por um sim
por um não...
Laranja refrescante
como um mergulho no verão
Castanho, amuado e refilão
Azul, fresquinho
com cheiro de mar e carinho
Negro, sulcado de desejo
insinuante como um beijo
Cinzento, baço e frio
Transparente, vazio, inexistente
Cor-de-rosa...inocente

Amores em degradé, riscados,
novos, esfumados, desgastados,
desbotados, rarefeitos

Únicos, necessários
vividos, sonhados, desejados
repentinos ou desfeitos
perfeitamente, necessáriamente imperfeitos...

agosto 11, 2007

Gata

Sou estátua de areia
deitada numa praia
esculpida finamente
por uma mão delicada

Sou uma gata
enroscada ao sol
que espia, preguiçosa,
as ondas do entardecer

Sou de areia, não sou nada
mas páram para me ver

Adormeço, deliciada
e nem sinto a onda irada
que me faz desaparecer...

agosto 09, 2007

Uma leve brisa
Um cheiro a mar
A saudade não avisa
Limita-se a entrar

Uma noite sem lua
Outras com luar
As estrelas que brilham
Reflectidas no olhar

Uma tarde de domingo
Sem relógios para olhar
Uma dança inventada
Sem passos para acertar

Um romance, uma revista
Uma lareira já acesa
Uma carta no correio
A alegria da surpresa

A chuva em pingas grossas
Um jardim de lama e poças
O cabelo ensopado
As mãos e os pés gelados

Um arco iris na parede
Dois raios de sol na janela
Algumas palavras incertas
Mas a certeza que a vida é bela...

Sabor a desejo

Gosto das tuas costas arranhadas
Dos teus lábios mordidos
Dos meus seios doridos

Gosto de ficar exausta
De morrer e ressuscitar
De te voltar a procurar

Gosto dessa língua que passa
De te sentir em brasa
Gosto de te agarrar

Gosto que me invadas
De como me agarras
Que me faças suplicar

Que prendas o meu cabelo
O enroles sem desvelo
E não te deixes tocar

Gosto que me soltes
Te entregues
Te revoltes e me ataques
Para depois me abraçar

Gosto desse beijo
Com sabor a desejo
Que nos faz recomeçar

agosto 08, 2007

Beijo

O teu beijo é
fruta
madura
é sede é água
é fome frescura
paixão. é ternura
é vício, loucura
é o sol é a lua
é chuva, secura
é vento, turbilhão
relâmpago. é trovão
é sal, é explosão
pecado tentação...
descoberta, candura
inocência imensidão
é calor, é paixão
é canela amargura
lágrima limão
saudade...
desenho pintura
é ritmo é dança
é voar é vulcão
é gelo e fogo
é verso, travesso
o teu beijo...
É MEU !

agosto 07, 2007

Saberias

Se soubesses ler
nas entrelinhas
ver
como quem adivinha

Se soubesses ouvir
as palavras não ditas

Se soubesses descobrir
sem pistas
a razão que é só minha

Se soubesses sentir
no toque da minha pele
a paixão que fervilha

Se soubesses andar
pelos meus caminhos
mesmo sem ver
mesmo sem trilhos

se soubesses sonhar
de olhos abertos,
em pleno dia

Se soubesses tudo isto
e muito muito mais
saberias porque me perco
em lugares onde tu...
não vais!

agosto 06, 2007

A vida é um parque de atracções

Tem escorregas
aos quais custa a chegar...
Num instante estamos cá em baixo
e nem nos lembramos de escorregar!

Tem montanhas russas
que são como as horas e os dias
pequenos impulsos,
grandes escaladas
poços sem fundo, marés vazias...

Tem contos do vigário
que ouvimos dum ouvido só
mas deixam na boca
um estranho sabor a pó

Tem momentos de pura alegria
inexplicáveis!
como os espectáculos de magia...

Tem a tenda das ilusões
onde vivemos tantas mentiras!
mesmo assim, para lá ficarmos
arranjamos milhentas razões...

Tem pipocas estaladiças
como os beijos que trocamos
e algodão doce
que parece tanto tanto tanto
e se transforma em nada,
por encanto!

Tem palhaços, equilibristas,
domadores, trapezistas. Carrocéis,
Piratas, bailarinas. Gigantes!
e gente tão pequenina...

Máscaras encantadas,
cheias de cores e brilho
que usamos com muito carinho.

Irresistivelmente atraídos,
vemos, ouvimos, vamos ficando,
com um bocadinho de sorte,
participando...

fazendo fila para as emoções compradas,
e enchendo as mãos de quase nadas...

nesta feira de fantasia
todos entramos um dia
mas cai o pano, chega a hora
e ainda que ninguém queira
todos vamos embora...

agosto 05, 2007

... Os olhos procuram-se cúmplices e inquisitivos
as mãos encontram-se, numa resposta muda.
Olham uma última vez para este lago onde
têm vivido e sonhado e,
em conjunto rumam ao desconhecido,
deixando atràs deles um rasto de brilho gelado.




A Humanidade, como sempre foi entendida, já não existe.
Resta um planeta semi-vazio, alguns lugares habitáveis e habitados,
por quem no conhecimento e no sonho evoluiu e ficou.

Tudo aquilo de que se lembram, que conhecem e dão por certo,
fruto de guerras e pseudo descobertas, acabou.

Na persecussão de um bem maior e comum, os Terrestres abriram a
porta a um desconhecido que os mudou profundamente e quase os destruiu.

A maior parte sofre sofre uma mudança constante do corpo, tentando
manter faculdades, tentando manter pensamentos coerentes.
Vivem no País do Norte, eternos mutantes, afastados dos outros
por um escudo de luz.
Outros vagueiam, seres impalpáveis, que não pesam nem respiram.
Entregues às correntes dos ventos, exércitos etéreos
que ninguém conduz.

Resta um semblante de mundo....
São poucas dezenas. Cientistas. Criadores. Sonhadores.
Reunidos na Terra de Fogo, protegidos dos incêndios relâmpago
pelas águas gélidas e profundas do lago.

Dentro desta cúpula, existe o mundo de que se lembram.
Relva, macia debaixo dos pés.
Algumas flores, uma horta.
As cores não são as mesmas, mas os olhos que as vêm também não.
Os pés que pisam a relva fazem-no por querer e, o que outrora era
alimento, agora é apenas fonte de prazer.

Este é o povo de luz. As mentes inquietas, repletas.
Aqui está toda a capacidade de pensar, imaginar, descobrir e realizar.
Todas as possibilidades. A única opção.
Os únicos, neste novo mundo atormentado que se mantêm.
Estáveis. Por enquanto. Num universo mantido assim, agora sim,
para o bem de todos, pelo esforço de apenas alguns.

Aqui, vive-se de solidariedade entre todos os seres,
de cumplicidade entre alguns.

Já são tão poucos....e vão ficar menos ainda.
Porque um dia alguém sonhou voltar ao nascimento do mundo.
Ao dia em que se semeou na Terra, o que a transformou e lhe deu vida.
Mas também o que a estabilizou. A esperança....para quem ficou.

A Terra de Fogo é apenas mantida.
A energia de todos já quase não chega e assim...

partem dois, Cientista e Sonhadora, num derradeiro esforço, para muitos
companheiros, procurando na ainda ausência aquilo que será para todos,
a essência de uma nova vida...

Plantada neste alpendre
sinto água passar
não a vejo.
mas fecho os olhos
e ouço-a cantar

Ouço o vento no cimo
das árvores,
que me ritma suavemente
o balançar

tenho raízes, já não pés
folhas no cabelo,
frutos no olhar

seguro nos dedos
um ninho de pássaros
que já sabem voar

fundi-me com a paisagem
à espera de alguém
que teima em não chegar

agosto 03, 2007

Pessoas

As minhas pessoas
são as que guardo
carinhosamente
no fundo do coração
belas
profundas
feitas de amor e ternura
de longas conversas
de disparates
as que,
aqui ou no fim do mundo
estão sempre ao meu lado
são aquelas de quem me afasto
e me recebem de volta
sem mostrar desagrado

São as minhas pessoas,
as que estimo, as que amo
as que respeito e admiro
algumas têm rostos, que já esqueci
outras vozes que já não ouço
mas fazem parte de mim,
procuro-as sempre que posso
Sem elas
o mundo seria frio e baço.

As minhas pessoas,
que me reconhecem,
no silêncio e nas palavras,
são filhas do mundo,
vivem por aí, espalhadas

vistas, reconhecidas, esquecidas,
desconhecidas, encontradas, procuradas,
mantidas, arrastadas, queridas, amadas
tantas vezes desejadas, choradas, sonhadas...

são as minhas pessoas
sem elas não seria nada!

agosto 01, 2007

Palavras

Palavras, apenas
umas grandes,
outras pequenas.
Palavras que tocam
que afectam, que afagam,
palavras que gritam
que rasgam ,desenlaçam
Palavras que curam,
cheias de ternura
palavras que murmuram,
que fazem da vida
uma tela colorida
palavras tolas,
palavras sensatas
por vezes rios de abraços
outras vezes cascatas
avalanche de sentimentos
palavras que marcam momentos
que prometem, comprometem
que aconchegam ou inquietam
palavras grandes ou pequenas
nunca são palavras apenas.


Esta página espera a cumplicidade de alguém.....

esperava....e recebeu exemplos fantásticos de cumplicidade entre pessoas e palavras. a todos, muito muito obrigada!

( O Blogger é teimoso, não me deixava alterar o texto!!! mas eu sou mulher...;) )

Voyeur

Pele morena
entre lençois de linho branco,
cabelo longo, caído. um seio,
mal escondido pela mão.

uma perna dobrada
deixa um pé tocar no chão

lábios entreabertos
respira calmamente

com o primeiro toque
o seu corpo estremece
esboça um sorriso
e de novo adormece

os seios, agora descobertos
parecem esculpidos
e à medida que os vão tocando
vai soltando gemidos

solta gritos ao vento
voz rouca, corpo rendido
sofre os doces tormentos
de um amante que não distingo

e dança, nesta cama em desalinho
as notas de um saxofone perdido,
corpo dourado em branco linho
num espetaculo divino!

Vivo numa casa
sem portas e sem janelas
quem cá mora não precisa delas
Leves e transparentes
vagueiam pelo ar
e dormem pelo chão
aquecem-se ao sol de inverno
molham-se nas chuvas do verão
acordam com o chamado da lua,
dançam com ela pela noite fora
voltam para casa, sorridentes
quando chega a aurora
É com gestos lentos que me acordam
com sorrisos, quase sem palavras
o sol já brilha...
vou enfrentar a vida lá fora
Fantasmas,
residentes nesta casa que já não chora,
descansem vocês.....por agora