Ainda que caiam chuvas e lavem o caminho com torrentes de água escura, ainda que o sol queime tudo, deixando apenas um quadro negro de amargura, ainda que passem pragas e calamidades e que a natureza tudo destrua, saberei guiar-me, de dia pelas nuvens, de noite pela lua, para chegar a ti. Saberei sempre encontrar-te, ainda que tudo te esconda, ainda que grite o teu nome e ninguém me responda, ainda que todos me gritem que não és para mim, que fugiste, partiste, que nunca quiseste o que senti, ainda que tudo se desfaça, sinta a ausência como uma faca. Porque sei, com esta certeza que não se explica, que tudo o que sinto tem em ti uma réplica, que não te quero em vão, que este amor tem uma razão, que embala a dor devagarinho, a transforma em azevinho, coroado de espinhos mas belo, onde vale mais picar-se que perdê-lo.
E assim te mantenho, fechado no coração, como tenho os espinhos enterrados na mão, mas nem assim os largo, nem assim te deixo, porque se abrir a mão sou eu que me perco. Sou eu quem se dilui, anil em água azul, se tiver que deixar ir este amor com sabor a sul, por não saber ouvir tudo o que dizes antes de partir, tudo o que dizes quando estás longe, tudo o que sinto quando te abraço, se tiver que puxar a ponta e desfazer o laço. Se entre os sons do mundo, deixar de ouvir o teu grito mudo, que me envolve como chama, me aquece e me reclama, se deixar de banhar-me no teu olhar e adormecer a cantar, porque ouço a tua música, e só eu conheço a letra de tudo o que compões, porque cada uma das tuas notas é tocada para dois, se tiver que fechar os olhos e o coração, se tiver que dar ao resto do mundo razão, perdendo-me da minha, se um dia tiver que me calar, ou cantar apenas em surdina, perder-me-ei, sem dúvida, pelas encostas ou pelas ravinas, não porque ouça o resto do mundo a gritar... Perder-me-ei, sempre, invariávelmente, apenas, quando deixares de tocar. Quando a voz do teu amor se extinguir, quando o seu fio já não me guiar. E ainda que a natureza me perca, ainda que a tua voz se cale, ainda que pise um caminho de amargura, saberei encontrar-te, meu amor, porque és o meu destino, o meu caminho tudo o que foi e há-de ser, o que vivi e tenho por viver, és a minha maior aventura, a maior certeza, a melhor loucura. Para sempre. Sem cura.
Le llamaban loca * Mocedades
Outra vez * Maria Bêthania
Outra vez * Roberto Carlos
setembro 11, 2007
Loucura
Publicado pela gata à(s) 11:47 da tarde
21 comentários:
Gata,
Através do "Palavras em Flor",
Vim aqui parar.
Adorei o que vi!
Voltarei sempre!
Beijo.
e serás sempre bem vindo!
Gataaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.... ups... gritei... sorry. pois cheguei... e que caminhada para cá vir menina, nem imaginas... mas espetei com um link para cá voltar sem ter que andar às voltas, lá no meu cantinho.
bem , acabei de ler o post " Loucura". Um dia, sabes, há não tanto tempo assim, deixei o meu coração falar por mim e saíram-me estas palavras: "Quem ama... deixa voar" E abri a gaiola de um pássaro que nem sequer aprisionei. Eu era o prisioneiro de uma gaiola transparente. desconfio até que quem lá pôs as barras fui eu...
O teu post é lindo, mas tem tanta dor nele.
Vou continuar a leitura se os meus felinos me deixarem. Já deitaram cd's ao chão e andam a voar sobre os móveis. Por acaso não queres estes dois para aí? ahahahahahahah São loucos...
Boa quarta e beijoca laroca
Um poema de dor e de amor... Lindo como o sol em fogo, negro como uma noite sem lua...
Um beijo...
Bem......e considero-me eu um eterno romantico!!!!!
Sinto-me pequenino perante o teu texto, é sublime, parabens.
Gata apaixonadissima hein!!!! IoI
Beeejuuuuuuu
Cris....são loucos? Desculpe, a menina queria dizer "são gatos!"
E há gaiolas assim, que vamos construindo fechadas, com amor, carinho e cuidado e depois, abri-las é o cabo dos trabalhos!
Espetas-te um link no teu blog?Será que não doeu? ;-)
Beijinhos de gata...tem um bom dia também.
V.A.D
Negro como uma noite sem lua, ou uma vida sem....que queima, sem dúvida.
negro, hein??
Beijinho de gata, tem um bom dia.
Frágil, obrigada.
Apaixonada pela vida, sem dúvida!
Beijinhos.
Um texto sublime e a menina está...Apaixonada...
:)
Gostei do novo aspecto mais suave e puro.
A musica é bem escolhida.
Beijo-te suavemente
Tantos elogios....e quanto a estar apaixonada, tu que tudo vês saberás....
Beijinhos de gata, lu@r.
não conheço amor sem dor...incrivel não é!!...
beijo vagabundo
Venho agradecer a visita e, deixo estas três linhas do novo poema , que dedico a todas as mulheres , e o nós homens que as amamos .
"Em fragrância na água cristalina
Gotículas salpicam-na maravilhadas
O sensual corpo de mulher menina"
Continuação de boa semana .
Dá um saltinho ao meu glob, tenho um doce para ti,
Esta música sabe -me a doce... doces sixteen...
O texto respira-se... eu explico: inspirar e começas a ler, lês tudinho tudinho e no fim...não, não expiras ...suspiras...
Ai como eu podia ter escrito estas palavras.
Excelente forma de transpor memórias, sentires...quereres... esperanças...devaneios..
Beijos Gata =^.^= ( Miauuuuu!!)
Li o teu texto como se fosse um poema e soou-me lindamente - cada palavra, cada expressão, com um significado fantástico!!!
E surpreendeste-me mais uma vez - Mocedades - que pena que quase ninguém saiba quem são!!! Representantes da Espanha no Eurofestival de 1973 com a canção «Eres tu» (um hino autêntico!), para mim um dos melhores grupos vindos do país vizinho.
Quanto a Bethânia e Roberto Carlos nem vale a pena dizer - fui ver o Roberto Carlos as duas vezes em que ele esteve no pavilhão Atlântico e uma delas sozinho pois ninguém quis ir comigo ver «O Rei», o autêntico REI!!!
Muitos beijinhos pelo texto e pelo teu bom gosto!!!
Poeta, vagabundo.....fazem parte um do outro como a noite faz parte do dia.
Beijos de gata.
Barão, agradeço a visita!
Mimo-te, ainda estou toda lambuzada.....Obrigada
Ki
Miaaauuu, também para ti!
E hoje um beijo, só!
Alexandre, surpreender alguém como tu é bom!
Quanto a música...também gosto muito de Mocedades. Por que a letra conta... beijinhos.
Que belissimo texto...lido em voz alta é poesia e da melhor... Aonde andaste tu gata escondendo de todos estas coisas bonitas que fazes com as palavras...
sonhos loucos
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